Chega uma hora em que você se cansa de contar carneiros. O silêncio penetra por seu corpo mas o sono não vem. A luz está apagada, mas você percebe que não enxerga menos por causa disso, na verdade, enxerga mais do que deveria. As horas passam, coisas se mexem, se transformam e o mundo gira. Sei que é difícil crer no que os olhos não podem ver, mas nada é como parece ser.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Escrevi uma história sobre você


Imagine ter como defeito fatal o fato de se apegar muito facilmente às pessoas. Imagine também alguém que não sabe se valorizar antes dos demais. Imaginou? Bom, agora misture as duas coisas de forma que fique impossível descobrir onde começa uma e termina a outra. Pronto, agora você sabe como é o meu coração.
Ignorando estes fatos, algo em você me convenceu a dar uma nova chance a mim mesmo. Esse foi o erro, aliás, esse sempre é o erro. Não que eu esteja sendo pessimista com relação à sentimentos mas estes não fazem o mínimo esforço pra que eu pense o contrário a seu respeito. Não mesmo.
O coração tem dessas coisas, de se apaixonar sem antes conhecer. Pelo menos o meu tem. Agora não sei dizer se isso é bom ou ruim. O que importa é que já te sentia aqui dentro, onde agora coloco minha mão e sinto palpitar. Mas é um coração que palpita sozinho, descompassado, as vezes leva um choque quando pensa em você e dispara, mas logo logo se acalma.
Te conheci em um dos finais de semana da minha vida. São inúmeros, eu sei, mas nenhum tão especial como aquele.
Eu estava tomado por uma ansiedade avassaladora. Não parava de olhar para os lados e andar para lá e para cá à sua procura, à sua espera. Tinha a certeza de que, apesar de nunca te ter visto pessoalmente, meu coração sentiria quando você chegasse. Foi dito e feito.
Por um instante, eu parei. Olhei para trás e lá estava você, sorrindo. Aquele era o gesto que eu precisava para saber se estava realmente gostando de você. Com um pouco de timidez você chegou e me conquistou ainda mais, sempre com medo de olhar nos meus olhos, de falar comigo. Tudo aquilo foi lindo, perfeito.
Apesar de eu ser um tanto estranho, você não me deixou de lado. Não me abandonou como fazem os egoístas, pelo contrário, entendeu o meu jeito de ser, coisa que poucos entendem. Confesso que sentia ciúmes quando tinha que dividir sua atenção com os demais, mas você não me pertencia. Eu é quem tenho a mania de me entregar sem ganhar nada em troca.
Me senti deslocado no meio de tudo e de todos, mas até isso teve o seu lado positivo. Por alguns segundos você me deu abrigo em teus braços, senti teu calor e isso fez com que eu me sentisse a pessoa mais feliz do mundo por ter você ali comigo, mesmo que só por alguns instantes.
Como é de costume, minha felicidade durou pouco. Isso em parte é culpa minha, por não saber me adaptar ao teu jeito, não saber dançar conforme a sua música. Você não vê, mas enquanto você sorri e se diverte, eu choro por ter você tão perto mas, ao mesmo tempo tão longe de mim. Acabei adormecendo.
Ao abrir meus olhos e te ver tão perto, dormindo feito um anjo, tive vontade de te acordar e confessar tudo, palavra por palavra do que eu estava sentindo, mas não o fiz. Preferi ficar ali parado, olhando teu rosto, esperando que você acordasse e viesse confessar a mim algo que eu sei que nunca existiu dentro de você.
Eu estava sozinho com meus pensamentos quando você apareceu e sentou-se ao meu lado, me olhou com aquele sorriso que só você tem e começou a conversar comigo. Era fascinante ver seus detalhes assim, tão de perto, tentar entender cada traço, cada gesto, cada efeito que você causava em mim. Eu queria gravar a tua face em meus pensamentos para não esquecê-la mais. Nunca mais.
Você pediu uma de minhas mãos e eu lhe dei. Percebeu então que eu estava nervoso e eu tentei disfarçar, dizendo que aquilo era normal. Mas como pode ser normal alguém tremer dos pés à cabeça, como se uma corrente elétrica transpassasse por todo o corpo só pelo fato de alguém estar segurando a sua mão? Compreendi que não era o gesto em si que causava arrepios mas sim, a pessoa que o estava realizando.
Eu te abracei bem forte, como se não quisesse te perder nunca mais, e na verdade eu não queria mesmo. Te soltei devagar, ainda sentindo o teu calor e olhando teu corpo, tão próximo ao meu. Olhei bem no fundo dos teus olhos e você sorriu, foi aí que te beijei. Forte. Intensamente. Com sentimento. Deixei de lado os pensamentos de dúvida e me entreguei, de todo o coração.
Não é preciso dizer que por um momento me senti como se pertencesse à você, mas algo me dava um puxão e me mostrava o contrário, mas te juro que fingi não ver, que tentei me convencer de que estava enganado, mas seu coração já pertencia a outro e eu cheguei tarde demais.
Depois que me envolvi mais do que deveria, percebi meu erro. Eu estava apaixonado mas você não me queria da mesma forma. Me beijava sabendo que aquilo seria passageiro enquanto eu te beijava como se tudo fosse durar eternamente.
Te deixar foi realmente difícil. Ver você se distanciando fisicamente foi tão ruim quanto perceber que seu coração nunca esteve ligado ao meu da mesma forma. Não sei o que você carregou de mim contigo, mas juro que tentei te dar de presente o meu melhor. Tudo o que me resta agora é escrever histórias sobre você.

Um comentário:

  1. Aaaaaaaaah eu amei esse post *-*
    me identifiquei tanto com ele, ah Wallace vc continua perfeito na arte de escrever né *-*
    ah Parabéns ! E eu quero um autógrafo depois u.u

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